quarta-feira, 18 de novembro de 2009

Quarta da poesia: "OFÍCIO"


"A música me ama

Ela me deixa fazê-la

A música é uma estrela

Deitada na minha cama



Ela me chega sem jeito

Quse sem eu perceber

Quando dou conta e vou ver

Ela já entrou no meu peito



No que ela entra a alma sai

Fica o meu corpo sem vida

Volta depois comovida

E eu nunca soube onde vai



Meu olho dana a brilhar

Meu dedo corre o papel

E a voz repete o cordel

Que se derrama do olhar



Quando termino meu canto

Depois de o bem repetir

Sinto-lhe aos poucos partir

Quebrando enfim todo o encanto



Fico algum tempo perdido

Até me recuperar

Quase sem acreditar

Se tudo teve sentido



A música parte e eu desperto

Pro mundo cruel que aí está

Com medo de ela não voltar

Mas ela está sempre por perto



Nada que existe é mais forte

E eu quero aprender-lhe a medida

De como compõe minha vida

Que é para compor minha morte."
 

Outras palavras...

Para os que conhecem e são admiradores das pérolas musicais compostas por Paulo César Pinheiro (muitas delas imortalizadas pela voz de sua esposa, a guerreira Clara Nunes), os versos de "Ofício" farão ainda mais sentido! Dentro da minha visão - embora não seja compositor-, compor é isso mesmo, um momento único, místico, de entrega, de doação, um raro instante de sintonia com o bem e o mal e esse poema fala exatamente sobre isso, os mistérios que rondam o compositor na hora de criar um clássico! No caso de Paulo César Pinheiro, tradutor da fé, dos costumes e crenças do povo brasileiro, cada verso desse texto faz ainda mais sentido.


O poema faz parte do projeto "Poemas escolhidos", uma coletânea lançada em LP nos anos 80, onde declama 33 composições próprias (foto ao lado). Desse projeto maravilhoso (e raro), certamente ainda teremos outros textos publicados aqui na "quarta da poesia"! Como uma última dica, recomendo que, para sentir a força que o mesmo possui, leia o texto em voz alta em algum momento e procure se misturar a sensação impressa em sua inspiração!

Uma excelente quarta-feira!

Apolinário Júnior.


7 comentários:

Unknown disse...

CARAMBA, QUE FORTE!

E que belo também... muito lindo! Realmente existe uma atmosfera mística em torno do poema... adorei.

E também fiquei SUPER curiosa pra conhecer o trabalho como um todo, mas provavelmente isso será bem difícil!

Boa quarta!
Cris.

Carol Sakurá disse...

Belo e misterioso!
Quando eu era pequena tinha o sonho de ser Clara Nunes...rs
Beijos!

Carol Sakurá

Cláudia disse...

Quantooo CONHECIMENTOOO meu amigooo!!!!!


ADORO suas postagens!! PODEROSAS!!!

Beijo grandeee

Dalva Nascimento disse...

Junior,

Que boa recordação você nos trouxe hoje... PC Pinheiro é um grande mestre!

Bjs.

Wanderley Elian Lima disse...

Oi meu amigo, Paulo César Pinheiro é ótimo, parabéns pela escolha.
Forte abraço

NANDITA CAYMMI disse...

a poesia é sempre uma beleza.. eu adoro.. falando nisso , tem uma no meu blog. bjinhos

Anônimo disse...

muito bom mesmo. bjus
Vânia

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