segunda-feira, 25 de outubro de 2010

DA JANELA DOS MEUS SONHOS...


"Tem alguém aí"?!? Quem ainda pode me ouvir? Preciso saber.



Como dizia Gonzaguinha: "vontade de chegar e olha eu chegando"! Saudades de todos! Saudades do tempo em que passava horas e horas de frente para essa mesma tela, divagando em pensamentos, passeando por assuntos tais que  faziam de mim um ser melhor... pensar e existir, esse é o caminho!

Mas a vida é feita de etapas. São fases, únicas, que nos surpreendem por sua capacidade de transformação... efeitos quase que irreversíveis... inevitável resistir... maktub! Sabem aquele ditado que fala que a sorte é um trem que pode passar a qualquer momento, em qualquer lugar e só pegam carona nesse expresso da felicidade os que estiverem prontos para viagem? Pois é, consegui um lugar na janela e no primeiro vagão! Nada mal, hein! Estou com o rosto de fora, olhar fixo na paisagem, experimentando cheiros e sabores... por isso demoro tanto a voltar e espero a estação certa para descer... até lá curto a viagem e preparo o inevitável regresso, a única certeza que tenho hoje.

...

Bem, mas meu objetivo hoje não é só o de filosofar, vim pra dividir com vocês algumas novas descobertas com todos, como geraslmente acontece aqui no blog... vamos a elas?

Mais um vôo da borboleta da Mata...


Começo com música, que tal? Com a música de Vanessa da Mata. Inclusive tomei um baita susto quando achei na prateleira da loja  "bicicleta, bolos e outras alegrias", o novo cd da cantora mato-grossense! Se bem que já não era sem tempo dela nos presentear com novidades, afinal, estamos na expectativa de novidades desde 2007, quando lançou o último trabalho de estúdio. Já falei que sou profundo admirador da poesia brejeira de "da Mata"? Pra mim, muito além que uma intérprete razoável, Vanessa é uma poetiza de sensibilidade ímpar. Sabe como ninguém tocar um coração sensível, fala de amor como poucas, além de ser muito bem-humorada... taí, eis a minha primeira impressão sobre seu novo trabalho: um cd irreverente que fala de amor na medida certa! A produção é de Kassin, repetindo a parceria que deu super certo em "SIM" e os arranjos seguem o mesmo estilo impresso em seu último cd.


Para o governo dos raros amantes do cd, informo que o material gráfico está lindo, vale a pena investir. As fotos são de Geraldo Pestalozzi e o preço está bem justo: R$ 19,90 em média (Lojas Americanas). Traz 12 faixas ao todo, todas assinadas pela cantora, duas delas em parceria: "Vá", com Lokua Kanza e "Quando amanhecer" com Gilberto Gil, que faz o dueto com ela na canção. Acredito que "O tal casal" deva representar a aposta da gravadora para primeiro single, devido a seu potencial radiofônico. Toda melosa, a balada fala de paixões de uma forma encantadora. "Meu aniversário", assim como aconteceu com o hit  "Seu aniversário", de Lulu Santos no cd "Longplay" (2007), promete animar muitas festinhas descoladas, mesmo sem representar necessariamente uma grande novidade. "Fiu fiu" e "Bolsa de grife" são alguns dos exemplos de que o lado cômico de Vanessa continua com tudo, muito bem humoradas! Ah, pra quem não vê a hora de mergulhar numa velha e boa canção apaixonada "a la Vanessa da Mata", o cd traz a faixa "Te amo". Taí um presentão prum amigo oculto de bom gosto.

Pelo estômago...


Esse fim de semana assisti ao premiado filme brasileiro "Estômago", de Marcos Jorge! Cês já ouviram falar ou já assistiram? Recomendo para os que curtem a arte impressa pelo cinema nacional (mesmo com suas conhecidas limitações). Caramba, muito doido o negócio, mas adorei! O filme estrelado pelo ator João Miguel, promove uma reflexão sobre  os alimentos e o poder! Sim, isso mesmo, a comida e aquilo que ela representa dentro das nossas relações cotidianas,  mas de uma forma completamente inusitada. A figura principal do filme é o retirante nordestino Raimundo Nonato, um que possui um dote culinário invejável, descoberto a partir de suas necessidades de sobrevivência numa cidade grande! Daí em diante, sua capacidade de absorver ensinamentos e transformá-los em benefícios passa a tecer toda trama do filme, que horas é extremamente engraçado e inteligente, outras traça retratos de uma violência tipicamente urbana, cada vez mais comuns em nosso mundo! Produzido pela Zencrane Filmes e pela Indiana Production, ESTÔMAGO tem distribuição da Downtown Filmes.
Ficaram curiosos? Mas não vou falar mais não, recomendo que assistam. Deixo o trailler oficial do filme para quem sabe encorajá-los:


Me mandem notícias do mundo de lá, ok?
Voltarei... porque preciso!
Jr Vilanova.

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sábado, 23 de outubro de 2010

"O céu cinco minutos antes da tempestade"

"Um dia de chuva é tão belo como um dia de sol. Ambos existem; cada um como é." - "Um dia de chuva": Fernando Pessoa.


"Chuva, caindo tão mansa, Na paisagem do momento, Trazes mais esta lembrança De profundo isolamento." - "Chuva": Francisco Bugalho.



"Onde é que chove, que eu o ouço? Onde é que é triste, ó claro céu? Eu quero sorrir-te, e não posso, Ó céu azul, chamar-te meu..." - "Chove ? Nenhuma Chuva Cai...": Fernando Pessoa.


"O dia deu em chuvoso. A manhã, contudo, esteve bastante azul. O dia deu em chuvoso. Desde manhã eu estava um pouco triste..." - "O dia deu em chuvoso": Álvaro de Campos.


"Os céus da tua face, e os derradeiros Tons do poente segredam nas arcadas..." - "Chove ? Nenhuma Chuva Cai...": Fernando Pessoa.


"...não paira vento, não há céu que eu sinta. Chove longínqua e indistintamente, Como uma coisa certa que nos minta, Como um grande desejo que nos mente. Chove. Nada em mim sente..." - "Chove. Há silêncio": Fernando Pessoa.

"...hoje quero só sossego. Até amaria o lar, desde que o não tivesse. Chego a ter sono de vontade de ter sossego. Não exageremos! Tenho efetivamente sono, sem explicação. O dia deu em chuvoso." - "O dia deu em chuvoso": Álvaro de Campos.






Fotos: Apolinário Júnior.
Local: Riacho Doce, Maceió-AL.
Fonte dos poemas: http://www.citador.pt/poemas.php?poemas=Chuva&op=9&theme=659
Click nas fotos para ampliá-las!

BOM FIM DE SEMANA A TODOS!
DIAS FELIZES PRA GENTE... COM SOL OU COM CHUVA!

Luz!
Jr.

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terça-feira, 12 de outubro de 2010

"APENAS UMA HIPÓTESE"


"– A vida, senhor Visconde, é um pisca-pisca.
A gente nasce, isto é, começa a piscar.
Quem pára de piscar chegou ao fim, morreu.
Piscar é abrir e fechar os olhos – viver é isso.
É um dorme e acorda, dorme e acorda, até que dorme e não acorda mais [...]
A vida das gentes neste mundo, senhor Sabugo, é isso.
Um rosário de piscados.
Cada pisco é um dia.
Pisca e mama, pisca e brinca, pisca e estuda, pisca e ama, pisca e cria filhos, pisca e geme os reumatismos, e por fim pisca pela última vez e morre.
– E depois que morre?, perguntou o Visconde.
– Depois que morre, vira hipótese. É ou não é?"

Outras palavras...

No mês das crianças, nada mais oportuno que relembrar Monteiro Lobato nas 'quartas da poesia'! Focar o lúdico, experimentar outra vez um sabor de ingenuidade que infelizmente não se encontra mais por aí... precisa procurar muito, buscar no improvável a imagem daquela  infância livre, naturalmente protegida, mesmo sem os muros que nos cercam hoje, sem cercas elétricas que matam os passarinhos, sem as balas perdidas que abatem anjinhos...  

Feliz dia das crianças a todos.
Beijos.
Jr Vilanova.

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segunda-feira, 4 de outubro de 2010

EU PRECISO...

Blogar é preciso... de blogar EU preciso!

Que saudade de vocês, viu... e mais,que satisfação em perceber que mesmo distante da rotina normal de postagens, amigos continuam a me prestigiar, não me abandonaram!  Então começo deixando um beijo hiper-carinhoso aos queridos Wanderley, Lis, Dalva, Sandro Omena, Chica, Carol Sakurá, Uelton, Junnior, enfim, gente muito boa que vez por outra aparece por aqui: MUITO OBRIGADO! É por essas e algumas outras que sempre volto... e apareço, sim, porque também não aguento mais de saudades e vou aparecer!!!

Um "SALVE" carinhoso também para aqueles que estão chegando, bem-vindos! Tenho acompanhado a chegada de cada novo seguidor e a alguns, já andei fazendo "visitainhas de médico" a alguns, retribuindo a gentileza, mas prometo interagir melhor em breve!

Para quem ainda não sabe o motivo do meu sumiço, esclareço que foram os recentes compromissos e desafios profissionais me tiraram um pouco de cena! Mas vai passar. Hoje estou por aqui, cumprindo a minha missão de - quase - toda segunda-feira, cheguei com umas dicas legais pra compartilhar nas "notícias de fim de semana"... vamos a elas?

Saindo do forno...
Depois do bem sucedido e elogiado cd "Na veia", Simone volta a cena com o DVD "Simone, em boa companhia", dirigido por José Possi Neto. Na realidade, esse é o registro do show que percorreu o país e foi gravado na cidade de Recife, em abril, no Teatro Guararapes lotado co um público "nordestinamente" caloroso.
Não preciso dizer muito mais... o resultado é exatamente esse que vocês estão imaginando agora! Quem se  mostra ao público pernambucano e posteriormente  a  todo Brasil é a "boa e velha" cigarra, no seu melhor estilo. Ops, deixo claro que essa é apenas uma expressão usual, pois "velha" é um termo que não combina em nada com a vitalidade e beleza que Simone esbanja em cena. Sem falar na sensualidade! Muita sensualidade, do figurino (transparente)  ao repertório. No setlist, clássicos como: "Tô que tô", "Face a Face", "Fullgás", "Ive Brussel", "Deixa eu te amar", "Ex-amor", "Hóstia" e até apostas nada óbvias que soam como novidades em sua voz, como é o  caso de "Perigosa" (aquela mesmo que você tá pensando, de Rita Lee), "Paixão"(dos gaúchos Kleiton e Kleidir) e "Chuva, suor e cerveja", de Caetano Veloso. 


Se ainda assim tivesse que fazer uma crítica qualquer, apontaria para o palco. Estou falando do cenário, muito econômico e distante dos músicos. Sabe quando parece faltar algo? Bonito, mas muito "econômico". A priori, "Em boa companhia" se confunde com outros registros da artista, como o DVD "Simone ao vivo" (EMI, 2005), por exemplo. No mais, quer companhia melhor? Além do dvd, a Biscoito Fino lançou também o cd duplo, similar ao formato de "Maricotinha ao vivo", de Bethânia. Confiram.

Chico pra ler...

Confesso que ainda não li, mas achei a idéia fantástica, acho pouco provável que me decepcione! Vejam só que sacada fantástica a do projeto encabeçado pelo jornalista Ronaldo Bressane: uma seleção de dez contos inspirados em dez canções da sumidade Chico Buarque de Holanda! O livro saiu pela "Companhia das letras", com o apoio da Caixa Econômica Federal e entre os autores estão: Alan Pauls, André Sant’Anna, Cadão Volpato, Carola Saavedra, João Gilberto Noll, Luis Fernando Verissimo, Mario Bellatin, Mia Couto, Rodrigo Fresán e Xico Sá. Algumas das canções escolhidas são: “Feijoada completa”, "Construção" e "Folhetim". Muito legal, não? Se estiver precisando de uma boa dica de leitura, taí, não precisa procurar mais...

Satisfeito e feliz, me despeço por hoje! Espero ter me redimido de alguma forma apos longas semanas de ausências...

Deixo pra vocês o meu beijo carinhoso com gosto de saudade!
E hoje, mais que nunca, "vamo que vamo que dá"...

Jr Vilanova.

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sábado, 2 de outubro de 2010

A HISTÓRIA DE UM "MICO"


Hoje estou verdadeiramente desapontado com o ser humano. Motivo? A história de um mico!

Tudo começou quando vim morar nesse bairro afastado. Pacato, beira de mar, resquícios de mata atlântica enfeitando as redondezas... Pra mim, um verdadeiro paraíso em meio a agitação da nervosa capital! Todavia, como tal, possui o mesmo problema de todos os outros paraísos: homens por perto tentando estragar tudo - pelo menos tudo que estiver ao alcance de seus interesses mais egoístas!


Caseiro e discreto, não sou de muitos amigos quando chego num lugar. De início, prefiro relações respeitosas, porém formais. Proteger minha intimidade é algo inerente a minha vontade. Evito a porta aberta e tudo que possa ultrapassar a barreira do tolerável com novos vizinhos. Porém, um deles em especial, confesso, me conquistou mesmo sendo indiscreto e invasivo! Primeiro, apareceu na janela, desconfiado, olhando tudo do lado de dentro, como se fizesse um reconhecimento, geral e indiscreto, para assim decidir se aprovaria ou não o novo morador - nesse caso, eu! Uma ousadia sem precedentes. Foi assim nos dias que se seguiram após a minha chegada e logo começou a armar pouso toda manhã do lado da minha janela, ignorando inclusive o fato de ter alguém dormindo ali embaixo... Conversava em voz alta sem maiores constrangimentos... E eu? Mesmo com todos os direitos do mundo de esbravejar, estranhava o desaforo, mas curiosamente não me importava nem um pouco!


Numa dessas manhãs primaveris, escolheu a sombra do coqueiral ao lado pra discutir relação com a suposta namorada... Pois é, outra pessoa no meu lugar, repito, talvez não suportasse aquilo, dois já era demais. Ainda mais por que não se entendiam de jeito nenhum. Era uma barulheira só, um empurra-empurra danado... Momentos de tensão. Então resolvi intervir! Sou da paz! Apesar dos pesares, sentia que se gostavam e sabe como é... Eu, ali, completamente envolvido com aquele clima da morada nova... Era minha primeira boa ação desde que chegara.


Não é de hoje que escuto a sábia frase: “em briga de marido e mulher não se mete a colher”! Ainda cheguei a refletir sobre ela antes de tomar minha decisão... Mas, estávamos na primavera, os dias tão lindos, o sol ameno, tantas flores enfeitando a alameda... E além do mais, sou um geminiano sensível, ainda acredito no amor... Não contei história, peguei uma banana maçã perfumadíssima, amarelinha, me abaixei na janela e dei um assovio comprido, sugando o ar pra dentro da boca... Era mais ou menos assim que eles se comunicavam e eu queria chamar a atenção – só espero não ter dito nenhum palavrão na língua “macaquês”. Eles pararam imediatamente a discussão e procuraram de onde vinha o som apaziguador... Muito bonitinhos! Ao descobrirem, avistaram também a banana! Huuummm... Aí, depois da desconfiança inicial, foi aquela farra! Resolveram deixar o desentendimento de lado e tomar café da manhã juntos! E eu ali, abaixado, mas feliz da vida: Pôxa, eram eles os primeiros vizinhos que havia conquistado! Os primeiros que conheceram minha casa, enfim...


Dali em diante o casal me visitava frequentemente, começaram a simpatizar mais comigo, eu já não necessitava me esconder na hora de oferecer as bananas e com o tempo fui melhorando no meu “macaquês”! Por vezes traziam amigos, mas sempre respeitavam o meu espaço, coisa linda, todo mundo respeitando todo mundo, acho que pressentiam minha escolha. Passaram a ser meus vizinhos preferidos! Tanto que quando sumiram por um tempo relativamente longo, fiquei muito triste, achei uma falta de consideração aquilo... Será que meu sotaque ruim havia me traído? Teria eu dito algo deselegante ao ponto de se chatearem? Bem, desencanei... Mas as bananas permaneciam sempre lá, aguardando o retorno das visitas!


Nem bem "o outono" chegou e eis quem me aparecem novamente na mesma janela lateral, no mesmo coqueiro... Já não era sem tempo, já estava com saudades – mesmo! Ia começar tudo de novo, quer dizer, “ops”, algo estava estranho, digamos, diferente... Hum... Peraê... Putz, que gafe! Agora entendi tudo, aquela não era a namorada, era a esposa do meu amigo mico! E mais, trazia uma novidade colada ao corpo... Uma novidade que batizei de “miquinho”! A cara do pai! Os dois Já nem brigavam mais, ele estava super carinhoso, um pai de primeira, um companheiro exemplar! Aproveitei o ensejo e dei os parabéns a ele – em “macaquês”, obvio! Ele agradeceu, orgulhoso... “Pai coruja”, quer dizer, macaco!


Tudo ia muito bem até que outro bicho resolve aparecer nessa historia! O mais irracional de todos: O “bicho homem”. Acordei atordoado com uma barulheira infernal na rua, inclusive, um barulho num dialeto que eu conhecia bem... Saltei da cama, fui até a janela e me deparei com a cena mais triste desde que cheguei pra morar aqui no paraíso! Era meu amigo mico, lutando desesperado entre os fios da rua, para voltar a árvore de onde havia sido derrubado... Embaixo, o mais insensível dos animais, num ato extremamente irracional, atirava pedras pra cima, na tentativa de também derrubar o miquinho no chão! A mãe estava do outro lado da rua, em cima de um telhado, visivelmente transtornada, sem saber se ia ou se voltava... Mas firme no seu propósito de salvar a cria covardemente isolada dos pais naquela árvore... Era o início de uma tragédia familiar...


Gritei da janela: “Ei, amigo, que isso, vai matar o bicho?”... E o “filho de chocadeira”, já um pouco intimidado com a minha reação, respondeu: “Não, vou pegar pra criar”! Putz, pra criar? Como é que é? Criar? Que isso gente, o bicho tinha pai, tinha mãe e os cuidados que necessitava naquele momento! Com que direito aquele cidadão ia desfazer aquela família? Sem falar que se o animal realmente caísse de uma altura daquelas, ninguém mais poderia acabar de criá-lo... Morreria! Já para o atirador de pedras, ficou claro: melhor morto que livre!


Aquela cena era um enorme absurdo pra mim... Era a primeira vez que eu presenciava, em tempo real, a ação nociva do homem para com a natureza. Naquele momento pensei em tanta coisa além do desespero do meu amigo mico... Me veio a mente as manchetes do noticiário passado sobre o crescente desmatamento da Amazônia e de todas as outras florestas mundo á fora, da poluição dos rios e oceanos, da escassez da água potável num mundo que encontra-se em pleno desequilíbrio, das catástrofes, das espécies em extinção comprometendo a cadeia alimentar entre os bichos e entre nós, “humanos”... De certa forma, aquele infeliz, no auge de sua ignorância com todas aquelas pedras na mão, alheio ao sofrimento daqueles bichos, era também o responsável em potencial por todos aqueles problemas da humanidade! Certamente estava entre os mesmos – entre milhões – que por descuito ou por maldade não recolhem seu lixo na praia, que jogam porcarias pelas janelas dos ônibus, dos carros e entopem bueiros, que fazem fogueiras irresponsáveis em terrenos baldios, que jogam entulhos nas ruas e auxiliam na proliferação doenças, que lavam calçadas com mangueiras indiferentes a um futuro próximo de provações... Proliferam mosquitos em casa através da falta de compromisso com o coletivo, que não devolvem o que pegaram emprestado, dão maus exemplos aos filhos - deles e dos outros -, não dão lugar aos idosos nos coletivos, são patrocinadores da violência... Parece um exagero, mas não é. Existe uma reflexão íntima e uma mudança de hábitos que precisa ser colocada em prática logo, urgentemente, antes que não exista mais tempo de consertar o que está às avessas. É através de pequenas atitudes do dia a dia que conseguiremos evoluir como cidadãos, como seres humanos. Precisamos assumir comportamentos responsáveis com o planeta e com o nosso próximo também – seja ele um semelhante, planta ou bicho, não importa. Estamos tirando o lugar de muitas coisas por conta do nosso egoísmo e, sinceramente, não temos esse direito.


“Meu amigo mico” não merecia aquilo. Quando desci as escadas pra tentar argumentar com o cruel destruidor de famílias alheias, o pior já havia acontecido. Ao que tudo indicava, ele havia conseguido o que queria. Ia "criar" o “miquinho” dentro de uma gaiola ou amarrá-lo numa corrente para poder olhá-lo de vez em quando... até enjoar! E quando o bicho, ainda arisco, o morder, gritar, defecar em lugar errado, provavelmente apanhará, pra aprender quem manda em quem agora! E daqui a um tempo, quando a casa estiver cheirando insuportavelmente a fezes de “sagüi”, ele decida expulsá-lo, jogando em qualquer lugar para morrer por falta de experiência, pela ausência de ensinamentos de como manter-se vivo.


Os pais, coitados, desesperados, grunhiam um canto triste em frente a janela do primeiro andar. O pequeno e infeliz miquinho deveria está trancafiado lá dentro, não havia mais nada que eu pudesse fazer. Pensei em oferecer dinheiro para que soltasse o bicho, mas as portas e janelas fechadas não possibilitavam diálogo.


Os gritos dos pais prosseguiram por toda à tarde, insistentemente, inconformadamente, bravamente. Ao tempo que me entristecia, também me emocionava... Eles simplesmente não desistiam dos seus! Mais uma grande lição! Outros componentes do bando, solidários, iam se juntando ao coro, talvez na esperança de sensibilizar o outro “animal” que estava do lado de dentro da janela. O causador de todo aquele inconveniente. Em vão. Não havia mais nada o que fazer... O homem, mais uma vez, havia conseguido acabar com a paz do paraíso. A mim, restava apenas recuperar-me do trauma.


Sei não, mas acho que nunca mais haverá clima para as visitas do meu amigo... Provavelmente perdi os vizinhos mais legais que conheci até hoje!



Apolinário Júnior.


Esse post, escrevi em 2009  e hoje, ás vésperas das eleições, resolvi reposta-lo... Que em nossas reflexões para o 03 de outubro, o nosso entorno e o descaso atual com a nossa biodiversidade não fiquem de fora!

CUIDADO COM O MICO AMANHÃ, HEIN!

Beijos saudosos.
Jr Vilanova.

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