quarta-feira, 29 de abril de 2009

Quarta da poesia: "Lembranças" de Manoel Carlos

"Meu pai montava a cavalo, ia para o campo.
Minha mãe ficava sentada cosendo.
Meu irmão pequeno dormia.
Eu, sozinho, menino entre mangueiras,
lia a história de Robinson Crusoé,
comprida história que não acaba mais."

Com esses versos Drummond começa seu poema Infância, escrito na década de 20. Por que estou a me lembrar precisamente desses versos, em meio a tantos do poeta, que cultivo na memória e que são melhores – digo isso sem medo de errar – do que esses que agora lembro para vocês?

Eu conto: perdi há menos de um mês um velho amigo que me acompanhou da adolescência aos dias de hoje; ou, mais precisamente, até o dia 9 de janeiro, pois morreu dia 10. Há pouco mais de uma semana, foi a vez de um querido primo, primo em primeiro grau, como se dizia antigamente, ir embora sem aviso prévio, quero dizer, sem doença, assim como se lhe desse, de súbito, um cansaço da vida.

Com essas perdas bateu-me uma certa melancolia que me levou ao passado, mais precisamente à parte da minha família já desaparecida. E, entre as muitas lembranças que me tomaram, revi meu pai cruzando todos os cômodos da casa, apagando as luzes e comentando em voz baixa: "Pensam o quê? Que sou sócio da Light?". Conseqüentemente, revi também a mim e aos meus irmãos trocando um olhar tolerante, comentário sem palavras que queria dizer: "Papai está caducando!".

Quando estamos predispostos a lembrar, tudo nos faz lembrar. O calor dos últimos dias me devolveu a imagem da minha mãe, abanando-se com um leque e dizendo: "O calor está senegalesco". Era uma expressão habitual, que nos levava a pensar que o nome oficial do inferno era Senegal.

Minha mãe era meiga e simples como uma criança. Envaidecia-se de duas coisas na vida: de ser professora e de falar francês. Orgulhava-se também do avô médico, "formado na Bahia". Esse "formado na Bahia" era uma referência fortíssima que enriquecia qualquer currículo. Apesar de professora e de falar francês, andava descalça e almoçava e jantava quase sempre de pé, à beira do fogão. Quando estava conosco à mesa, era mais para nos ver comer e para nos lembrar da salada – "Um tomatinho e uma folha de alface, vai, não custa nada"– do que propriamente para ela mesma se alimentar. Era de uma incompetência quase total para os afazeres domésticos. Na cozinha, mesmo ao fritar um ovo, queimava os dedos e, não raro, o próprio ovo. Mas era mestre em sonhos e delírios, nos contando histórias vividas na sua remota infância, histórias que nunca soubemos se eram verdadeiras. Quando perguntávamos, dizia: "Que diferença faz? O que importa é a história ser boa e vocês se divertirem com ela!".

Tenho uma foto diante de mim: eu e minhas duas irmãs, crianças ainda, apoiados no carro novo do nosso pai, um Oldsmobile 1940. Olho para as sandálias nos meus pés de menino de 7 anos e me lembro, me lembro como se fosse hoje, de que chorei para não colocar aquelas sandálias por causa do barbante que meu pai usara à guisa do cadarço não encontrado na hora da foto. Pego uma lupa e passeio por todo o retrato e me parece ainda ver, nos meus olhos de criança, as lágrimas que então derramei. Será verdade? Vejo mesmo essas lágrimas ali cristalizadas há mais de sessenta anos? Que importa? O que vale é que me comovi com essa doce lembrança e aí sim, aí sim chorei de verdade.

Vivo cercado dos meus pais, tios e tias, primos e amigos, mulher e filho mortos, todos eles misturados aos vivos numa convivência pacífica, olhando para mim dos seus retratos.

E, como a vida é um ato de repetição, hoje insisto – igualzinho a minha mãe – para que meus filhos comam pelo menos um tomatinho e uma folha de alface às refeições, e passeio pela casa, apagando todas as luzes inutilmente acesas, como meu velho fazia. Junto ao fogão, vejo minha mãe olhando para mim e aprovando, com um gesto suave de cabeça, minha insistência com a salada. E depois, mais tarde, quando vou para a cama, por cada cômodo que passo e escureço, juro que vejo meu pai sorrindo para mim, carinhosamente; e posso ler em seus lábios mudos o que ele me diz: "O que essa criançada está pensando? Afinal, você não é sócio da Light!".

"Só descobrimos o que lembramos", escreveu o italiano Cesare Pavese. E relembrar, conclui ele, é ver pela primeira vez."
Crônica publicada na VEJA RIO, no dia 08/05/05 e no livro "A arte de reviver", Ed. Ediouro, pág. 165.

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terça-feira, 28 de abril de 2009

Terça de agradecimentos: "Colados a 01 mês!"

Blogueiros...

"Fizemos" aniversário e eu esqueci de falar sobre isso aqui! Dia 25/04 completamos 01 mês ativamente no ar! Isso é bom... é ótimo, ainda mais pra mim. Pra quem interessar possa: CONTINUO A TODO VAPOR! Sem receio de me expor e com extrema vontade de estabelecer uma comunicação legal... No balanço desse primeiro mês eu constato que as minhas expectativas foram superadas, que os resultados até agora estão indo além do esperado... Não pensei que fosse tão estigante, estimulante aceitar um desafio assim, afinal, como disse a frase que li em algum lugar: "escrever é fácil. Basta olhar para uma folha em branco até o sangue escorrer pela testa"! Acho que o exercicio do blog acabará me preparando para algo futuro, que ainda não sei o que é, mas que pode acabar numa qualificação, em brincadeira pra gente grande...

Obrigado a Angélica, Nalvinha, Nandita, Cláudia, Manu e todo mundo que comenta por aqui e fora daqui também! Valeu.

Amanhã é dia de poesia! Pretendo publicar uma crônica de Manoel Carlos, falando de família, aliás, dedico essa semana toda a família! Será a inspiração, o norte das mensagens!

Beijão!
Obrigado!
Vida longa ao "Contatos imediatos"!
Jr.

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segunda-feira, 27 de abril de 2009

Notícias de fim de semana: "Pouco a declarar. Muito pra sentir"

Esse fim de semana foi um dos mais preguiçosos! "Off-line" total... Quer dizer, quase... Pra família a gente tem sempre que prestar uma assistência especial, por mais básica que seja, sabe como é... Mas foram dias pra dormir cedo, dormir de tarde, assistir filminho com pipoca e refrigerante...

Pra não dizer que não falei das flores: sábado aproveitei a maré baixa - baixíssima, inclusive - pra explorar melhor a praia... saí da faixa da areia e me lancei sobre novos horizontes... entrei mar a dentro como nunca havia feito e me surpreendi com uma natureza muito rica entre os recifes de corais... Além dos traiçoeiros ouriços - aos montes e fazendo um barulho peculiar que nunca tinha ouvido, semelhante a duas pedras batendo -, vi muitos peixes coloridos, lagostas - já pescadas, penduradas nos arpões dos pescadores -, umas espécies de corais laranja entre uma pedra e outra e até uma pequena moreia! Desejei uma máquina pra registrar, queria colocar aqui, mas não devo ser um homem prevenido!rs... Tem uma comunidade no orkut que chama-se: "Se meus olhos tirassem fotos"! Realmente seria maravilhoso e ultimamente, acho que ganharia até algum prêmio nesse ramo... Principalmente quando conseguisse captar- com os olhos - as luas cheias nascendo no mar, por exemplo... Essas certamente seriam as fotos campeãs, minhas especialidades! Porém, por mais que deseje registrar tal qual estou vendo, com uma máquina que não seja profissional - no caso, a minha -, uma imagem estonteante vira apenas um simples pontinho de luz no céu... frustrante! Fico desesperado!rs...

Aproveitei que já estava no clima ecologicamente correto e encarei uma super limpeza aqui em frente... Enchi nada menos que três sacos médios com muita garrafa peti e outras tantas porcarias! Ah, achei um tampo traseiro de uma tv! Também não registrei, mas tenho por obrigação fazer isso qualquer hora dessas e vou fazê-lo! Se alguém por aqui ainda anda vacilando em relação ao lixo que produz na praia (ou em qualquer outro lugar), vai ficar encabulado de ver o resultado provocado por tamanha desatenção! Esse espaço tem essa função também! Aqui eu posso tudo, até ser chato!rs... Ah, o bom da iniciativa é que vi resultados... No domingo, percebi que os vizinhos juntaram os bagulhos de suas portas com ciscadores! Coincidências a parte, me senti um pouco útil e recompensado!

Esse fim de semana vi minha mainha também! Quer dizer, vi minha família... Nas fotos estão apenas alguns dos amados, mas ao passar das horas, outras paixões foram se juntando ao clã, inclusive a matriarca... No fim da tarde de domingo já estávamos quase completos, próximos, envolvidos... Espalhados pela sala, comendo pipoca com leite condensado e assistindo a um filme divertido ("Polaroides urbanas", de Miguel falabella, com grande elenco)... Existe algo mais família pra se fazer num domingo de tarde depois do almoço? Adoro. Acho que nos sentimos diferentes após encontros assim. Energia famíliar é infalível pra recarregar as nossas baterias ... é diferente de qualquer outro prazer. Não se acha uma sensação assim em nenhum outro lugar, pode procurar...

Moro longe de casa a mais de cinco anos - fisicamente falando - e momentos assim me fazem reviver coisas muito especiais, particulares, porque com o passar dos anos e com a proximidade da maturidade, só o que é bom tem lugar na casa e no coração da gente! Ninguém quer mais perder tempo com coisas pequenas (embora elas ainda existam)... não é mais recomendável se aborrecer por qualquer motivo. A palavra deve ser UNIÃO. Desejamos ser mais tolerantes com o outro (que setá longe de ser qualquer outro). A intolerância e a irritabilidade, embora certas vezes se apresentadno nas situações íntimas, diminuem drasticamente com o passar do tempo! Mesmo desentendimentos inevitáveis passam a não ser levados em consideração como antes. Passa rápido. O tempo aproxima. Nunca fui um poço de paciencia com a vida, nem com quem estava ao meu lado, acho que por culpa da ansiedade, da agitação, de querer tudo pra ontem - veja o que diz a minha numerologia no primeiro post do blog -... Mas hoje reconheço meus excessos e sou capaz de voltar a trás em nome da minha paz de espírito ou da felicidade de quem me ama também!

"Momentos família" nos ajudam a rever a nossa trajetória! Olho para cada uma das mulheres da minha vida, por exemplo e me vejo num momento diferente da minha vida... Consigo enxergar alguns vacilos, quedas, vitórias, perdas e ganhos (Nesse caso, o termo "perda" denota necessariamente algo ruim! Muitas vezes perder foi ganhar!)... E me fortaleço, porque vivencio um amor verdadeiro e a gente nunca pode esquecer da estrada que nos trouxe até aqui! De repente ela nem foi tão fácil de percorrer, msa e daí? Ponto pra nós. Olhamos pra trás e nos dizemos: "mesmo assim cheguei até aqui"! É um ponto transformador! Já ligou hoje pras pessoas que você ama? PRA VOCÊS TODOS DEDICO A MÚSICA "TE AMO FAMÍLIA", DO CARLINHOS BROWN!

E foi por isso que minha semana começou assim... ENERGIZADA! Tô pronto pra dar continuidade as viagens locais com as minhas crianças... Não entendeu essa história de "minhas crinaças"? ASSUNTO PRA UM PRÓXIMO POST!

Um excelente inicio de semana! ENERGIZANTE!
Vamos em frente!
Obrigado pelos coment´s passados, amanhã comento! Tem fotinha abaixo, roubadas do orkut de Wanessa, na "cara de pau", enquanto não me policio mais sobre o assunto "fotos"!
BEIJO!
Jr.

NA ORDEM DA ESQUERDA PRA DIREITA: O PRÓPRIO, WANESSA, ANTÔNIO, RENAN E SUSANA

MAIS DOS MESMOS


MANAS: LEGALMENTE LOIRAS!


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quarta-feira, 22 de abril de 2009

Quarta da poesia: "Ultimatum"!

"Mandado de despejo aos mandarins do mundo:
Fora tu reles esnobe plebeu
E fora tu, imperialista das sucatas
Charlatão da sinceridade e tu, da juba socialista, e tu qualquer outro.

Ultimatum a todos eles e a todos que sejam como eles todos.
Monte de tijolos com pretensões a casa
Inútil luxo, megalomania triunfante
E tu Brasil, blague de Pedro Álvares Cabral que nem te queria descobrir.

Ultimatum a vós que confundes o humano com o popular
Que confundes tudo!
Vós anarquistas deveras sinceros
Socialistas a invocar a sua qualidade de trabalhadores para quererem deixar de trabalhar.

Sim, todos vos que representais o mundo, homens altos passai por baixo do meu desprezo
Passai, aristocratas de tanga de ouro,
Passai frouxos
Passai radicais do pouco!

Quem acredita neles?
Mandem tudo isso para casa, descascar batatas simbólicas
Fechem-me isso a chave e coloquem a chave fora.
Sufoco de ter só isso a minha volta.
Deixem-me respirar!

Abram todas as janelas
Abram mais janelas do que todas as janelas que há no mundo.
Nenhuma idéia grande, nenhuma corrente política que soe a uma idéia grão!
E o mundo quer a inteligência nova
O mundo tem sede de que se crie
O que aí está a apodrecer a vida, quando muito, é estrume para o futuro.

O que aí está não pode durar porque não é nada.
Eu, da raça dos navegadores, afirmo que não pode durar!
Eu, da raça dos descobridores, desprezo o que seja menos que descobrir o mundo novo.
Proclamo isso bem alto, braços erguidos, fitando o Atlântico
e saudando abstratamente o infinito."

Álvaro de Campos.
A primeira vez que ouvi esse poema, bradado em alto e bom som por nada menos que MARIA BETHÂNIA, durante o show "Dentro do mar tem rio" (O LINK DA DIVA EM AÇÃO: http://www.youtube.com/watch?v=Ja9Vercrab0 ), pensei estar diante de uma obra contemporânea, pertencente talvez a algum poeta português indignado com a situação atual da política do Brasil, que tem know-How em picaretagem! Foi a primiera coisa que veio a minha cabeça... Mas não é só isso. É um pontapé teanto na hipocrisia!
Qual não foi minha surpresa quando a diva revela: Álvaro de Campos: 1917!
Dessa forma ela tirou o fôlego de toda uma platéia em delírio, pois tais palavras soam absolutamente atuais!
Minha dica é que não deixe de ler, de refletir, mem muito menos de assistir ao vídeo de Bethânia nesse momento emocionante! O link do youtube tá aí!
Foi isso que reservei pra gente hoje! Espero que gostem!
Aquele beijo!
Té mais...

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terça-feira, 21 de abril de 2009

Notícias do fim de semana: Fome de arte!

Tem um tempo que venho percebendo uma grande necessidade pessoal de alimentar o meu espírito (já que o corpo físico, graças a Deus, tem se alimentado bem, inclusive, até demais)... Não me refiro a nada de cunho religioso, ligado a fé cristã, pois essa é quase que uma obrigação diária e representa um ponto vital pra todo o resto! Nesse momento eu falo de inspiração mesmo, de descontração, de estímulo a uma reflexão qualquer...

Não sei se pelo tempo que não vou ao cinema, se pelo fato de ter lido muito nos últimos meses, comecei a sentir falta de uma forma mais dinâmica de arte e esse fim de semana escolhi o tipo de alimento que precisava: filmes! Acertei em cheio!

Conseguir escolher um bom filme em meio ao universo de títulos de uma boa vídeo locadora é algo bem complicado pra mim (Será que é só pra mim?)! Confesso que não sou especialista no assunto “cinema” - estou longe de ser um cinéfilo - então, na hora de optar por um título, fico refém das críticas especializadas – que nem sempre são confiáveis -, das dicas sempre superficiais dos funcionários das locadoras e lógico, da minha intuição, que no fim das contas é o que acaba me ajudando de fato... Por isso demoro um pouco pra me decidir!

Dos tantos escolhidos pra levar pra casa apenas alguns conseguiram me oferecer aquilo pelo qual buscava. São eles: o documentário “Paulinho da Viola – Meu tempo é hoje”, de Izabel Jaguaribe, com direção do jornalista Zuenir Ventura; o impactante “Ensaio sobre a cegueira”, do brasileiríssimo Fernando Meirelles, baseado na obra do escritor português José Saramago; “Última Parada 174”, do também brasileiríssimo Bruno Barreto, numa história pra lá de brasileiríssima e o divertido, apaixonante e revelador “WALL-E”, da Walt Disney (Dos mesmos criadores de Procurando Nemo e Ratatouille, que, diga-se de passagem, adorei). Todos me proporcionaram extrema alegria esse fim de semana!

(...)

O primeiro filme, um panorama sobre a vida e obra de um dos mais aclamados nomes da música brasileira, me fez lembrar o documentário “Mistério do samba”, de Marisa Monte, que também é maravilhoso! Pra mim pareceu uma continuação – ou vice-versa -, só que desta vez o samba é materializado na imagem desse aclamado artista! E por falar em Marisa, ela também está lá, com sua voz inconfundível, cantando coisas como: “Carinhoso” e “Dança da solidão” com tanta leveza que parece estar entoando canções de ninar!

Bem, ainda sobre a obra, trata-se de um grande painel sobre a vida de Paulinho da Viola. Entrevistas, declarações íntimas e muita música também, graças a Deus! Eu, que pouco conhecia do seu legado – mas muito do seu repertório pelas vozes de outras cantoras brasileiras - me senti satisfeito em poder interagir com a memória viva da música símbolo do nosso país: o samba!

Pontos fortes: ver a farra e as histórias contadas pelos integrantes da Velha Guarda da Portela. Enquanto as mulheres preparam o almoço – que até dá pra sentir o cheiro de comida caseira da sala da gente - os homens se posicionam na enorme mesa do lado de fora pra iniciar a roda de samba! Segundo o que dá pra perceber, assim nasceram os melhores clássicos do Rio de Janeiro!
Outra coisa legal pra mim foram as participações especiais... Além da Velha Guarda, La Monte, Zeca Pagodinho, as filhas mais velhas de Paulinho cantando com ele e poder ouvir Marina Lima novamente em cena! Isso tem sido cada vez mais raro... Serena, ela está linda e segura na canção “Para um amor no Recife”!

No mais, destaco a fotografia que é muito bonita, sua vida pacata em família (e no filme percebemos que família gente escolhe também) e o ser humano fantástico que se revela em meio a tantas histórias – quem diria, o sambista é também um marceneiro irreparável, um pé de valsa e um apaixonado por carros antigos e sinuca -. Simplicidade, espontaneidade, e muita sabedoria...

Paulinho encerra o filme com as seguintes palavras: “Meu tempo é hoje. Eu não vivo no passado, o passado é que vive em mim”...
Recomendo.


(...)


“Ensaio sobre a cegueira” na minha humilde análise, se mostrou um daqueles filmes que estão a todo momento, a cada nova cena, tentando repassar algum ponto de reflexão. Não é recomendável perder nenhum diálogo, não dá pra desgrudar os olhos de nenhuma cena e principalmente não tem como repousar a mente enquanto todas aquelas provocações são feitas pelo autor/ diretor! Várias vezes precisei voltar algumas “cenas-chave" para me certificar que não teria deixado nada passar despercebido (Ainda assim não tenho essa certeza de forma definitiva).

Ganhei esse livro de presente de aniversário a alguns anos e curiosamente nunca li! Sempre ensaiei esse dia - mas acho que estava cego -. Tinha consciência que ali estava algo que me revelaria muitas coisas importantes e talvez por esse mesmo motivo, fiquei esperando o melhor momento para uma dedicação exclusiva a uma leitura que julguei ser tão densa -nesse sentido estava certo! -. Enquanto não resolvia iniciar logo essa viagem, emprestei o livro a várias pessoas, observando as reações diversas que cada uma delas apresentava... Inegavelmente isso ajudou a provocar o meu desejo... Mas antes de descortiná-lo, eis que a obra de Saramago, único escritor português a ganhar o Prêmio Nobel de Literatura, se mostra nos telões dos cinemas do mundo! Vibrei com aquela possibilidade, pois embora saiba que os filmes que são baseados em livros raramente conseguem repassar a mensagem original, entendi que aquela seria uma excelente introdução e um incentivo pra definitivamente tirar o livro da gaveta que atualmente se encontra(o que muitos considerarão um crime e realmente seja).

Depois de assistir em vídeo – e mais uma vez lamentar profundamente ter demorado tanto pra ler o livro -, a mensagem que ficou muito nítida pra mim fala abertamente sobre a fragilidade humana! Sobre a NOSSA FRAGILIDADE! Como é perturbador reconhecer a nossa pequenez enquanto seres humanos perante a grandiosidade dos mistérios que regem esse universo! O quanto somos ingênuos ao tentar acreditar que já sabemos tudo, que já aprendemos o suficiente nas faculdades, que somos nos tornamos seres superiores ao adquirir poder e dinheiro em nosso meio social... e mais, como podemos nos tornar frágeis e manipuláveis quando submetidos a situações limite. Dá pra enxergar alguns contextos do filme em várias situações cotidianas. É possível identificar nossa vulnerabilidade perante tudo que nos tire da ordem ao qual estamos condicionados...

Nota: Fiquei feliz em assistir a entrevista do Fernando Meirelles nos extras, usando um camisão azul com o nome: “BRASIL” estampado no peito! Maior orgulho!

(...)


“Última Parada 174”. O que eu posso dizer sobre esse filme? Que tal: “Viva o cinema nacional”?! Fantástico! Muito mais que a simples exposição de uma tragédia, Bruno Barreto retratou com muita verdade – e no meu ver, na medida certa – vários elementos geradores da violência urbana no Brasil. Só havia sentido algo assim quando assisti pela primeira vez o filme: “Cidade de Deus”, que considero uma obra prima! Achei oportuno compará-los... Falam de nossas chagas de forma nua e crua e nos impulsionam a rever certos conceitos...

Impressionante como o diretor soube amarrar a trama, mesclar os fatos de diferentes acontecimentos e deixá-los todos com a cara da mais pura realidade cotidiana... Talvez ele nem saiba disso, mas pode muito bem ter reproduzido a história degradante de muitos brasileiros que vivem abaixo da linha da pobreza, que já nascem inseridos em cenários crescentes de violência!

Conseguiu assim prender a atenção dos expectadores, principalmente porque é um filme que mexe com as nossas certezas! Pra quem lembra desse caso fatídico, quem acompanhou nos noticiários o pavor dos passageiros daquele ônibus e odiou profundamente aquela figura de áurea marginal que ceifou a vida de uma inocente, vale a pena seguir com os atores, passo a passo, o caminho percorrido por uma verdadeira tragédia social... Contestar velhas certezas, repensar as verdades pré-concebidas que nos são oferecidas todos os dias... A todo instante os vários pontos da nossa fragilidade social são abordados, tantos, que o seqüestro do ônibus 174 na cidade do Rio de Janeiro passa a ser apenas mais um detalhe da trama, o último detalhe, inclusive!

Nitidamente essa é a idéia principal do cineasta, mostrar que por trás de toda grande tragédia humana envolvendo a exclusão e a falta de oportunidade, o caos social que se instalou no nosso país se apresenta como co-responsável pelos resultados. A frase título da trama diz: “Quem não tem nada a perder não sabe quando parar”! Isso é verdade e aí é que mora o perigo... pra quem mata e pra quem vai morrer no meio dessa guerra civil!

Nos extras é possível acompanhar o diretor e os atores principais comentarem todo o filme, cena por cena. Oportunidade rara!


Pra mim, esse foi um verdadeiro banquete (de arte).

(...)


Semana passada com o texto “Vamos precisar de todo mundo”, eu falei sobre coisas como lixo urbano, atitudes irresponsáveis e necessidade de adotar novos hábitos em prol de uma vida ambientalmente sustentada! Pois é, qual não foi a minha surpresa ao assistir “Wall-E”: Tudo que eu penso e que temo que aconteça está retratado lá! Era pra ser um filme meramente infantil, bobo – pelo menos muitos pensam assim – mas, seguindo uma tendência mundial nesse estilo, ele traz consigo uma inteligente abordagem sobre nossa responsabilidade em relação ao futuro do planeta!

Retrata uma ficção onde os homens são obrigados a deixar a Terra por conta da descontrolada produção de lixo que tomou conta das cidades e das cada vez mais violentas catástrofes climáticas que passam a castigar os continentes... Pra aonde foram os seres humanos? Depois de evoluírem consideravelmente sua tecnologia, foram passar um tempo no espaço a bordo de cruzeiros espaciais – semelhantes aos que acontecem hoje nos transatlânticos – gozando de todo luxo e conforto que a vida moderna pode oferecer (ou não)... Falando assim parece a solução ideal para os problemas atuais, mas o filme nos mostra que não é bem assim, que existem controvérsias! Pra quem ainda não viu, indico como forma de entretenimento inteligente... Convidem as crianças pra assistir (sim, elas também podem), esse é o tipo de mensagem interessante para toda família, para todas as idades (visto as atrocidades que estamos permitindo que aconteçam por aí). Com a estória do robozinho simpático da Walt Disney, todos aprenderão juntos!

(...)


Agora pra quem acompanha o blog diariamente: Essa semana, apesar do feriado, a correria tá muito grande e sem contar com a ausência de internet a minha disposição 24 horas por dia, tudo vai ficando um pouco mais complicado! Mas nada que vá impedir nosso encontro virtual (Já são 180 acessos em menos de um mês, meu combustível!)...


Um beijo grande as queridas amigas que estão sempre por aqui (Cláudia, Josi, Manu, Patrícia, Andressa, Nandita e um agradecimento especial a Débora, minha sobrinha, que muito me honrou com a frase "O glob do meu tio é famoso" ... Foi a segunda melhor frase que já escutei aqui!)


Amanhã tô por aqui!


Fui...

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sexta-feira, 17 de abril de 2009

Bom fim de semana!

Fim de semana chegando! Sexta-feira tudo parece que vai mudando de cor, vai ficando mais colorido, mais leve com o passar das horas... contagem regressiva!

Já escrevi tanto sobre esse momento de ócio que acho que tem gente acreditando que não gosto de trabalhar... rs... Não é bem assim, gosto do que faço, trabalho na minha área de formação, mas não deixo de achar natural que existam momentos de trégua para recarregar as baterias e que os mesmos sejam recebidos com alegria... curtir a casa da gente, a família, os amigos, os livros, cd´s, ver um bom filme... "Tempo pra ler um livro, curtir um disco, ouvir um som".

Passei hoje exclusivamente pra lhe desejar isso: dias especiais, oportunidades várias pra você fazer o que gosta, um chopp pra distrair, uma praia pra relaxar... "existem mil maneiras de curtir um fim de semana, invente uma"!

Pra que vai trabalhar, não esquenta que a causa é (deve ser) nobre! Que seja proveitoso assim mesmo!

Queria postar um novo texto hoje, afinal, sexta-feira é também o dia de publicar meus escritos (existem alguns na fila aguardando ansiosamente a sua vez), mas tava observando a quantidade de post dessa semana e decidi: melhor esperar pra semana que vem! Muita informação... muita bala na agulha!
Se ainda não leu os últimos 02 posts, desce a barra de rolagem mais um pouquinho e fique a vontade.

AH, MEU BEIJO PROS MEUS DOIS IRMÃOS QUERIDOS (UM QUE A VIDA ME DEU, OUTRA DE SANGUE): EVALDO E ANNA PATRÍCIA!!! DOIS ARIANAOS ARRETADOS QUE COMPLETARAM NOVA IDADE DIA 15 E 16, RESPECTIVAMENTE!
SINTAM-SE CARINHOSAMENTE HOMENAGIADOS!!!
AMO VOCÊS!!!

Um beijão pra todo mundo e segunda-feira estou de volta!

Jr.

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quinta-feira, 16 de abril de 2009

Quinta do caos: "Vamos precisar de todo mundo"!

“Quando levo um estrangeiro pra treinar na baía – de Guanabara, Rio de Janeiro -, tenho vergonha. O lixo se prende na quilha e o esgoto domina o cenário. Um dia desviei de um cadáver. Eu me sinto um vaso sanitário”.

-Ricardo Winick, o Bimba, bi-campeão pan-americano de windsurfe, em entrevista para o jornal O Globo em março de 2009-

Quando em fim coloquei em prática a idéia de criar um blog, a nossa desatenta irresponsabilidade para com o futuro do planeta sempre esteve entre as minhas intenções de pauta. E não pense que essa vontade apareceu apenas de forma poética, pegando carona nos noticiários, documentários, previsões catastróficas de especialistas etc. Nasceu bem mais próximo de mim, ao observar meu entorno, minha rua, minha cidade, meus próprios hábitos! Aproveitando que hoje é quinta, o dia do “caos”, nada mais oportuno que instigar a todos a refletirem conscientemente sobre um tema tão essencial para garantia do nosso bem-estar!

Embora chocante, o cenário descrito por Bimba na entrevista em nada se difere da realidade de tantas outras cidades brasileiras... Vou além, de tantas outras cidades mundiais! Taí pra quem quiser ver, o descaso, a sujeira, o lixo, a poluição, o desmatamento, a muito que não se envergonha mais! Não se escondem e pior, parece que estamos nos acostumando com isso! Ontem choveu em Maceió e de manhã o cenário foi o mesmo: muito lixo nas praias, galerias entupidas, previsão antecipada do que será o nosso inverno que não é nem tão rigoroso assim!

Agora, antes de continuarmos essa conversa, peço que assista ao vídeo “ILHA DAS FLORES”, de Jorge Furtado, um verdadeiro “soco no estômago”! Nunca consigo postar vídeos, se não conseguir de novo, peço que acesse o link do youtube:
http://www.youtube.com/watchv=0V8eBvVzOqk&feature=related e depois me responda: Quantas mais Ilhas das Flores precisarão existir até que cuidemos direito da nossa casa?

Como já falei algumas vezes aqui, moro próximo a praia, que não é a mais frequentada da cidade, mas vive cheia de gente nos fins de semana! Sabe, não acredito no que vejo num final de tarde de sábado ou de domingo! A impressão que dá é que por ali passaram bichos e não gente e fica bem difícil acreditar que elas possam, um dia sequer em suas vidas, terem ouvido falar em educação ambiental – é, eu sei, certamente não ouviram mesmo -. Sem falar nas coisas que a maré traz pra beira quando está cheia e deixa lá quando está seca: garrafas pet, copos plásticos, sacos plásticos, brinquedos quebrados, tênis velho, lata de refrigerante e cerveja etc.

Nos finais de semana, antes do dia ir embora, paro pra observar aquelas pessoas desfrutando do seu lazer e me deparo com algumas cenas que me fazem crer que estamos todos em meio a um sono profundo, inertes a certas verdades! É curioso ver alguém estender sua toalha na areia do lado do lixo que outro alguém acabou de largar ali e deitar-se relaxada sem se importar com seu entorno! Eu particularmente não consigo! Outro dia vi um garotinho passeando com o pai pela areia, tinha tudo pra ser uma cena bucólica até que a alça da sandália do garoto se partiu... Ele não “contou história”, colocou o par de chinelos na mão, encheu o pulmão de ar e arremessou o calçado o mais longe que pôde em direção ao mar. O pai não disse nada, conseqüentemente, aprovando a ação! Pergunto: Que educação estamos dando as nossas crianças? É desse jeito que elas terão um futuro digno? Não esqueçamos que as pessoas responsáveis pelo futuro do país já nasceram, estão por aí aguardando o nosso direcionamento, porém, se não estivermos atentos e dispostos a ajudá-las, repetiremos os erros do passado!

E não estou falando só de pessoas de baixa renda não! Numa das minhas caminhadas flagrei também um senhor que bebia um espumante com mais três amigos em frente a sua considerável casa de praia... Ao término de sua bebida, assim como fez o garoto da sandália, também arremessou convicto a garrafa vazia ao mar... ela ficou ali boiando e ele pareceu ter ficado satisfeito por isso! Ah, e mais, com a taça na mão, completamente embriagado, perseguiu a pobre marinha farinha até prendê-la e, posteriormente, matá-la! Ou seja, o problema é geral!

Então não me resta outra opção senão pegar minha sacola plástica, minhas luvas amarelas e tentar minimizar um pouco aqueles efeitos nocivos ao meu meio ambiente. Sei que se trata de um trabalho de formiguinha, mas sinceramente não saberia dormir tranqüilo sabendo que toda aquela sujeira continua ali pronta pra contribuir com o grande lixão marítimo que o planeta criou e que não pára de crescer em algum lugar do oceano!

(...)

Moro num estado que possui 17 lagoas, além de contar com um extenso litoral com mais de 230 km de praias - bairrismos a parte - verdadeiramente paradisíacas. Contamos com uma tendência mais que natural para, principalmente, o turismo de sol e mar! O problema é que todos nós, autoridades, profissionais da área, sociedade em geral e até os próprios turistas, acreditamos que só isso é o suficiente. Olho para a orla marítima mais bonita do país e me pergunto como é que o proprietário do hotel que sobrevive única e exclusivamente da beleza dessa mesma praia pode ser irresponsável ao ponto de despejar os dejetos do seu estabelecimento nas galerias de águas pluviais da forma mais descarada possível! Como é que os donos das coberturas caríssimas e super valorizadas do bairro da Ponta Verde podem permitir que o mesmo aconteça com seus condomínios de luxo sem ao menos se sentirem constrangidos! E pra encerrar o assunto, onde estão as autoridades que não são capazes de compreender que não adianta nada direcionar seus esforços para captar cada vez mais turistas se a atividade no estado não é sustentada! Nossos recursos não são ilimitados, pelo contrário, enfraquecem a cada nova temporada turística! Todo mundo quer ganhar dinheiro fácil, ninguém quer ter tempo de cuidar do seu próprio “ganha pão” (ou seria mais apropriado dizer: "ganha dólares")!

Quando estive em Fernando de Noronha, em 2006, fiquei maravilhado com a forma sustentável que eles exploram o turismo lá! Um grande exemplo para todas as cidades turísticas do país, quiçá do mundo! Aterro sanitário, coleta seletiva, armazenamento de água da chuva pelas pousadas, praias com controle diário de visitas, fiscalização permanente, palestras educativas diárias para os turistas, taxa de permanência no santuário ecológico... E ainda assim, apesar de toda exigência, todo mundo sai de lá extasiado, pensando no dia de voltar! É uma questão de adaptação mesmo, de implementar uma nova cultura as pessoas!

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Outro ponto interessante que gostaria de chamar a atenção é que esse alerta vem acontecendo não é de hoje. Ao contrário do que possa parecer, o tema não é nada moderno! Coincidência ou não, essa semana escutei no rádio do carro a música de Luiz Gonzaga que dizia: “Cadê a flor que estava aqui? Poluição comeu! O peixe que é do mar? Poluição comeu! O verde, onde é que está? Poluição comeu...”. E o repertório de Gonzagão nem era tão focado em temas assim! Daí pensei: a quantas gerações estamos discutindo os efeitos devastadores do homem no planeta? - Seja na música, nas artes, na literatura, na tv etc -. A quanto tempo estamos apenas reclamando das mesmas coisas e não fazendo nada? Continuamos sempre esperando que alguma ajuda caia do céu para nos salvar, mas lamento informar, acredito que já deu pra perceber que isso não vai acontecer, pelo contrário, as profecias religiosas apontam coisas bem menos “auspiciosas” vindo lá de cima!

Ainda sobre as coincidências, li num livrinho de bolso no supermercado a seguinte frase de Andy Warhol: “Dizem que o tempo modifica as coisas, mas na realidade é você quem tem de modificá-las”. Pois é, temos que modificar as coisas dando mais atenção aquilo que está ao nosso alcance. Existem coisas que podem ser feitas de onde estamos, não precisa ir longe! Basta se policiar, não jogar lixo na rua, recolher seu lixo na praia, organizar seu lixo em casa, não atirar coisas da janela do carro, do ônibus... Só adquirir produtos ecologicamente aprovados - do supermercado a concessionária -, buscar as procedências, não comprar sagui, papagaio, periquito na porta de casa, nem em outro lugar que não seja autorizado pelo IBAMA! Denunciar descasos com a natureza!
Tem um lance bem mais “sinistro” em jogo que envolve a super população da Terra, a necessidade de um controle sobre a nossa taxa de natalidade! Tem mais gente nascendo que morrendo! Precisamos de um planejamento em relação a nossas vidas, a vida dos filhos que virão!

Bem, acho que deveria concluir o texto com um último parágrafo que resumisse tudo, mas acabei de resolver que não vou fazê-lo! Quem vai terminar o texto é você... é a sua consciência... a sua reflexão pessoal! Termine esse texto com a sua própria conclusão e não esqueça, de alguma forma, somos TODOS responsáveis por TUDO que acontece na nossa casa e a nossa casa é a Terra também!

Agora umas fotos do meu estado - tão lindo e tão maltratado também - pra deixar o papo mais light e pra gente pensar o quanto é bom usufruir de um cenário perfeito, diferente do que o Bimba vê ao treinar! Mas não vamos nos iludir, está assim, mas não sabemos até quando permanecerá tão lindo! De perto ninguém é normal!
Apolinário Júnior
Música: “Sal da Terra” (Beto Guedes)
Intérprete: Roupa Nova (Part. esp. Ivete Sangalo).


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