terça-feira, 22 de novembro de 2011

SALVE AS FOLHAS


Queria aproveitar a temática dessa semana, as comemorações do 20 de novembro, pra falar do filme: “Jardim das Folhas Sagradas”, 2011, direção de Pola Ribeiro! Antes das minhas percepções, uma informação importante: Trata-se de um drama que segue os preceitos da geração Super-08, ou seja, um grupo de cineastas que optam em seus filmes por temáticas envolvendo o candomblé, a ecologia e a intolerância de uma forma geral. Póla Ribeiro se enquadra, portanto.


Pelo título e pelas explicações iniciais já é possível prever os caminhos dessa estória. A trama acontece numa Salvador divida entre vários conflitos e o filme antes de tudo se predispõe a diminuir impactos. Minimizar distâncias. Esclarecer. Comigo pelo menos foi assim. As filosofias das diferentes religiões afro-brasileiras ainda representam uma incógnita para muitos e a arte mais uma vez aparece para nos salvar do famigerado preconceito. A especulação imobiliária apagando o passado, transformando bairros inteiros em não-lugares é outro ponto marcante! É a partir desses pontos que o filme desperta uma importante reflexão.


Bonfim é um bancário bem sucedido, negro casado com uma mulher branca evangélica e bissexual – e com certeza esse dado não aparece numa trama da geração Super-8 por acaso. Apesar da vida aparentemente estabilizada é chamado a aceitar seu destino: dedicar-se a fundação de um centro de candomblé. Dilema maior impossível. Sua aliança com a religião vem de berço, herdada de seus antecessores e determinada desde o seu nascimento. O destino por sua vez, cansado de esperar por um posicionamento, resolve tomar as rédeas da situação. Outro ponto muito curioso é o questionamento feito em relação aos costumes e tradições milenares trazidos da África, como a matança de animais em rituais religiosos. Na trama Bonfim é filho de Ossain, o deus africano protetor das folhas, e defende a realização de cultos mantidos com o verde das matas.


Tudo muito romântico até aqui, só que a vida real costuma ser bem mais madrasta do que aparenta. Mostra-se impiedosa quando o personagem principal decide ignorar seu destino e evita o enfrentamento das intolerâncias, o preconceito, as atuais dificuldades inerentes aos praticantes da religião dos orixás. Além do personagem principal, vivido por Antônio Godi, fazem parte os atores João Miguel, Érico Brás, Harildo Deda, Evelin Buccheger, Sérgio Guedes, o Bando de Teatro Olodum, que brilhou no festejado "Ó Pai Ó", e até as cantoras Marienne de Castro e Virgínia Rodrigues. Todos se esforçam para contar uma trama que demorou 11 anos para ser concretizada. Na trilha sonora, destaque para Maria Bethânia e Gerônimo, imprimido baianidade com a canção título: "Salve as Folhas".


Apesar das limitações encontradas na maioria das obras brasileiras com pouco recursos, acredito que o filme consegue alcançar seus objetivos. E por isso, pela coragem de se abordar temas tão delicado, pela necessidade cultural que temos de entender o desconhecido e pela quebra de antigos tabús que o trago como indicação de pro blog.

Fica a dica!
Jr Vilanova.

1 Comentário:

Lucas disse...

Esse filme é muito bom!... Explicita a condição a que as religiões de matriz africana sofrem, discriminação, preconceito e intolerância. Lembremos que somos uma real mistura de raças e crenças e não por acaso, devemos viver em harmonia, paz e luz, afinal todas as religiões não buscam isso!... E por que vamos entortar o rosto para as de matriz africana, se a Africa esta em nós.
Parabéns pela postagem!...

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