sexta-feira, 23 de abril de 2010

'A POLÍTICA DO TAXISTA' (PART.II)



A essas alturas eu já estava com os olhos vidrados na feição de “Bené” (sentiu a intimidade?): “E aí, seu Benedito, o que aconteceu na sequência?” e ele me contou:

-“Oxente, desci do carro com o coitado do moço, oras! Tentei acalmá-lo, e naquele momento o problema já parecia ser meu também! Pensei até nas minhas netas nessa hora, cê acredita? O coração ficou partido! O homem não tava nada bem, ainda mais quando eu tive que reconhecer que o cartão dele tava realmente bloqueado... e pior ainda foi quando ele começou a chorar! Imagine minha situação, um político honesto dentro do meu carro chorando por não poder ajudar as crianças da sua cidade... parece até conto de fadas!”

Concordei. Apesar de meio maluca, era realmente uma estória bem comovente, eu disse! “E você achou que acabou por aí, foi?”, indagou o contador de causos. “Tú não sabe é da missa o terço, cabra”, disse, continuando sua saga em meio ao engarrafamento: “Só consegui acalmar o cidadão quando arrumei uma solução pro problema dele... emprestei R$ 1.500,00 para que o coitado pudesse viajar. Tudo na base somente da confiança de que quando ele chegasse em Minas e desbloqueasse seu cartão, me depositasse a quantia!”...


Assim como você agora, fiquei surpreso com o desfecho do conflito inusitado! “O senhor emprestou mil e quinhentos reais para um desconhecido viajar, seu Benedito? Sem nenhuma garantia? E ainda mais político?”- questionei abismado e já totalmente alheio ao meu atraso! “Fiz sim! Sei lá o que me deu, achei que era muita coincidência eu estar exatamente com o valor da passagem do avião no carro! Além do mais, ver político honesto hoje em dia é quase que um milagre de Deus! Quando vi o homem arrasado daquele jeito nem eu mesmo acreditei no que tava acontecendo, então peguei o endereço da pousada onde estava sua esposa, a placa do carro que estaria no estacionamento, me benzi e desci com ele pra comprar o bilhete, já no aeroporto”.

Pois é, daí já pedi para que tirasse o pé do acelerador e continuasse com sua estória tão, tão... fantástica! Seu Benedito me disse que ficou do mirante acompanhando a decolagem do avião e só quando a aeronave sumiu entre as nuvens é que o desespero tomou conta: “E se esse homem não for prefeito de coisa nenhuma?”, “E se não existirem criancinhas desamparadas?”, “E se eu perdi de uma maneira totalmente estúpida o resultado de uma semana inteira de sono, suor e ralação?”.  Saiu então do aeroporto direto para a suposta pousada onde o pseudo-prefeito estava com a “primeira dama”. Eu mesmo, confesso, não me conformei com tamanha ingenuidade, era um sinal que o mundo ainda preservava bons corações... intactos!

-“Cheguei na Pousada mais rápido que o avião e a primeira ação foi procurar o carro do dito-cujo no estacionamento e lá me deparei com a minha primeira decepção: a placa do carro caindo aos pedaços NÃO era de Minas... e na minha opinião, nem aguentaria uma viagem tão longa estando naquelas condições! Quando indaguei ao recepcionista sobre a origem do hóspede, ele respondeu de forma bastante rude que não iria se envolver com problemas dos outros, que o cliente entrou no estabelecimento como um outro qualquer e que não tinha obrigação de saber da vida de nenhum deles. Me pediu pra não voltar mais lá... e realmente não poderia fazê-lo depois dos palavrões que disse a ele na hora do nervosismo”!

Ao menos a tal esposa realmente existia, mas não estava no local, saiu sem dizer pra onde iria! Ihhh... tava na cara que era golpe! Naquela noite Bené nem dormiu! Escondeu o acontecido da patroa, não largou o celular por nada e a cada novo toque do aparelho, escapava de um potencial  infarto! Mal humorado e preocupado viu o sol nascer na janela do quarto e pulou da cama em seguida, cheio de olheiras, se achando o maior dos idiotas! Como é que um profissional vivido como ele pôde cair num golpe tão estúpido? O pior é que aquela hora da manhã nada podia fazer.

Os bancos só abririam as 10:00 horas e mesmo assim seria impossível que algum tipo de depósito tivesse sido feito em tão pouco tempo. Ele me disse que a vontade que teve foi a de ir direto a delegacia, polícia federal, imprensa, mas precisou segurar sua onda! As 10:00h horas já estava com o extrato bancário nas mãos... às 11:00h um saldo... às 12:00h outro extrato... às 14:00 voltou até a pousada, o carro não estava mais no estacionamento... às 15:00h outro extrato... NADA! Toda vez que pegava o caminho da delegacia, um passageiro solicitava uma corrida e assim o dia angustiante foi passando, passando, até que por volta das 16:00 horas seu telefone, como na música de Ben Jor, tocou novamente... era uma ligação de Minas Gerais...

Continua...

9 comentários:

Jr Vilanova disse...

Ainda não foi com esse segundo post que consegui concluir a estória do seu Benedito! Para que não fique cansativa, como acontece num livro, resolvi dividí-la em três partes... amanhã a última!
Beijão e um bom fim de semana.
Jr.

Carol Sakurá disse...

Esse Sr.benedito só nos ensinando.
Obrigada pela história!
Volto pra acompanhar!
Lindo fds!
Bjs!

chica disse...

Puxa, está empolgante.Estou torcendo...abração,chica

Uelton Gomes disse...

Agora fiquei curioso, quero ver a terciera paryte.

Abraços

Valéria disse...

Oi!
Ah, que suspense!!Tô ansiosa para saber o reso do conto de sr. benedito!

Bjo e saudades!!

Wanderley Elian Lima disse...

Aí não , tá querendo me matar de curiosidade? Ainda mais metendo um conterrâneo meu na estória srsrsrs
Bjux

Dalva Nascimento disse...

Junior,

estou ansiosa pelo desfecho...

Bjs.

Valéria lima disse...

Poxa!!...bem na hora da ligação?!! manda logo a continuação aí Jr...rsrs

Unknown disse...

Meu Deus... já tô roendo unha, rapazinho...rs... pó deixar que eu volto sim! Tô muito envolvida com a estória...
Beijo.
Cris.

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