quinta-feira, 25 de junho de 2009

Quinta do caos: “DIPLOMA PARA QUEM PRECISA DE DIPLOMA!”.


“...são 40 anos jogados no lixo. Foi um milagre o Supremo não nos proibir de exercer o jornalismo no Brasil” – Sergio Murillo, Presidente da Federação Nacional dos Jornalistas/ FENAJ.

Fui surpreendido essa semana com uma notícia que me deixou boquiaberto – pra não dizer o mínimo... Abri o jornal “Gazeta de Alagoas” de domingo, 21/06/09, página A9 do caderno de política, e descobri que semana passada, mais precisamente no dia 16/06, o Supremo Tribunal Federal simplesmente extinguiu a necessidade da formação superior como pré-requisito para exercício da profissão de jornalista... “?”... por um acaso, alguém mais bem informado que eu pode me explicar o que está acontecendo aqui? Sim, porque uma vez vivendo no Brasil, diante de tantos jogos de interesse, precisamos sempre procurar as segundas intenções por trás das articulações mais polêmicas, ainda mais quando se trata de decisões descabidas como essa (percebeu, né? Já me posicionei!).

Tô até agora procurando um motivo plausível que possa justificar essa arbitrariedade... No mesmo jornal que me trouxe a infeliz novidade, li um depoimento interessante de uma aluna do curso – que provavelmente já deve estar pensando seriamente em se tornar uma ex-aluna – que chamava a atenção para o seguinte – e coerente - ponto de vista: “Pra mim foi uma manobra política. Muitas denúncias vem a público graças a imprensa, que investiga. Foi uma maneira que encontraram para tentar enfraquecer a classe jornalística”...

Putz, e não é que a colocação da colega faz total sentido? (Faz pra você?) Convenhamos, o nosso país definha diariamente com toda sorte de mazelas possíveis... da desnutrição ao trabalho escravo, do analfabetismo ao desemprego, da pedofilia a corrupção, pra que raios se perder tempo mexendo na “bolacha” de pessoas qualificadas que sobrevivem ou pretendem dedicar-se a essa profissão? Qual o real objetivo em tentar desqualificar esses profissionais/ profissão? Sem mencionar o impacto que isso deve causar entre os mais de 450 cursos de jornalismo espalhados pelo país. Sabe, tava comparando, uma coisa é administrar uma potencial falta de regulamentação, como no meu caso, que sou Bacharel em Turismo, outra muito mais danosa para o graduado verdadeiramente comprometido é assistir a banalização do seu ofício como aconteceu agora... do dia pra noite se vê potencialmente desvalorizado ao ponto de ser questionado sobre a sua real necessidade de existência (do portador do diploma de jornalista)! Estima-se que hoje no Brasil existam cerca de 79.923 jornalistas formados. A cada ano 12 mil novos profissionais ingressam no mercado de trabalho... LAMENTÁVEL ignorar dados tão expressivos... Sem a exigência do diploma para garantir a excelência das práticas jornalísticas, a concorrência passa a ser desleal.
(...)
Finalmente, alguém pra tentar explicar alguma coisa, pra se expressar sobre as respostas que gostaríamos de ouvir... reescrevo abaixo as "explicações" dadas pelo Ministro Gilmar Mendes em um de seus pronunciamentos, extraídas do mesmo jornal:
“A profissão de jornalista, por não implicar riscos a saúde ou a vida dos cidadãos em geral, não poderia ser objeto de exigências quanto as condições de capacidade técnica para seu exercício. Eventuais riscos ou danos efetivos a terceiros causados pelo profissional do jornalismo não seriam inerentes a atividade e, dessa forma, não seriam evitáveis pela exigência de um diploma de graduação”

Pra você, tais palavras traduziram alguma coisa reveladora e concreta? Pra mim, apenas afirma: a medida provavelmente irá colaborar para que atos ainda mais irresponsáveis, provenientes da falta de ética profissional, se multipliquem entre os aspirantes a profissionais do jornalismo brasileiro! Agora as "celebridades instantâneas" já dispõem de uma nova oportunidade de trabalho depois que os seus "cinco minutos de fama" terminarem: se auto-intitularem como um profissional da comunicação... Do mesmo jeito que qualquer um agora quer ser político (A exemplo de Rita Cadilac, Bambam - ex-bbb-, Frank Aguiar, Gretchen, Palhaço pirulito etc.), se brincarmos, os mesmo oportunistas correram atrás de um emprego de jornalista numa emissora sensacionalista qualquer! Taí o filão...
(...)
E só para encerrarmos o post de hoje – mas não a discussão em relação ao assunto – lanço mais uma reflexão através de outra célebre colocação do nosso Ministro:

“...um excelente chefe de cozinha certamente poderá ser formado numa faculdade de culinária, o que não legitima o Estado a exigir que toda e qualquer refeição seja feita por profissional registrado mediante diploma de curso superior nessa área.”

Tire você mesmo suas conclusões...
BRASIL, MOSTRA A TUA CARA!!!
Registro aqui a minha solidariedade aos jornalistas sérios desse país, mestres na arte da ciência da comunicação, ofício, incluive, que muito me encanta.
Até amanhã...
Jr.

5 comentários:

Anônimo disse...

Fazer um jornal, rádio, televisão ou outra atividade que venha informar, e mesmo formar, o cidadão, com isenção, conhecimento de assunto e idoneidade, requer formação, estudo e muito preparo. É o que um estudante de jornalismo aprende durante sua graduação.
................

Tanta coisa a se mudar nesse país, a começar pelos próprios governantes....blá blá blá blá
Tou dando uma de jornalista, agora pode né?!!...kkkk

..........

Bjs
Dinha

Anônimo disse...

Eu fiquei muito PREOCUPADA em saber que não é mais exigido diploma para ser Jornalista! Eu acredito que há questões políticas por trás disso. Se antes, quando havia a exigência, já existiam tantas matérias (publicadas e divulgadas) de péssima qualidade e com fontes duvidosas, imagine agora! O que vai surgir, né? Considero o jornalismo uma função de extrema responsabilidade e importância, que deveria ser exercida por pessoas capacitadas, treinadas e formadas. Infelizmente, agora qualquer pessoa pode ser "jornalista" e sair por aí, falando e escrevendo o que quiser! Nossa. Que absurdo! Estou verdadeiramente indignada! Anos em uma faculdade, estudando, fazendo provas, trabalhos para nota e tudo isso para quê?! Para um dia ser decidido que o diploma não é mais necessário! LAMENTÁVEL! Principalmente pelos "profissionais" que irão atuar na área da comunicação. Claro que também há ótimos profissionais mesmo sem diploma. Mas o risco de errar é maior!
Vamos torcer para que dê tudo certo e que não ocorram confusões, brigas ou tragédias por causa de "certas" matérias que poderão surgir agora que não se precisa mais de diploma para ser Jornalista, não é? Um grande abraço a todos!
Ana Paula - Jornalista

Anônimo disse...

Gostei muito do texto de hoje, muito bem escrito e também muito coerente!
Concordo com tudo que foi dito, tanto no texto, como nos comentários!
Bjo a todos.
Cristina!

Anônimo disse...

Como não exigir um diploma de jornalismo!... Vamos cuidar de minimizar as mazelas sociais e não as conquistas de todos.

Lilia Ferreira disse...

Caro Popó, só agora tive a oportunidade de ler o seu texto e gostaria de parabenizá-lo pela iniciativa. Justamente por ser "cozinheira", passei 6 anos da minha vida na UNIVERSIDADE (Contando Relações Públicas e Jornalismo), que como o nome já diz, seria UNIVERSO + DIVERSIDADE, UNIVERSO DE IDÉIAS, etc, venho demonstrar a revolta pela decisão do STF. Acredito que, como foi dito por você, essa decisão favorece aqueles que estão a serviço de uma mídia inescrupulosa e que na realidade não sabem as técnicas aprendidas neste UNIVERSO DE IDÉIAS. Saber escrever, com certeza, não é um ofício apenas dos JORNALISTAS, mas saber escrever com discernimento, sendo imparcial e mostrando o fato como ele é, sem aplicá-lo juízo de valor, verdaeiramente é um "DOM" dado, apenas aqueles que, como eu, vivenciaram e agregaram conhecimentos adquiridos no âmbito da UNIVERSIDADE. Que todos acreditem que o JORNALISMO sério e com diploma esteja, se não, determinado pelo STF, mas na consciência de cada um de nós. Valeu Popó! bjO***
Lília Ferreira - Relações Públicas e Jornalista (TCC).

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