quinta-feira, 22 de abril de 2010

'A POLÍTICA DO TAXISTA' (PART.I)


Entrei no taxi numa pressa digna de segunda-feira que começa toda errada, sabe? Sem nem dar bom dia direito, fiz minha exigência: rapidez! Quer dizer, essa foi a minha exigência inicial, pois depois de conhecer as estórias de seu Benedito, pude repensar o meu atraso! É que muitas vezes o stress, a pressa, os compromissos nos impedem de prestar atenção no que está a nossa volta... coisas essas que podem ser bem interessantes! 

O taxista, como se diz por aqui, era uma “figura”. Aparentava seus 50 anos, muito distinto, cabelos devidamente penteados no gel e um bigode de certa forma engraçado. O carro também era muito bem cuidado, limpo, perfumado etc. A certa altura do percurso, já mais relaxado, permiti que ele me contasse a melhor estória de taxista que já ouvi (desconfio que melhor que a que você escutou também... aliás, cê tem alguma?), até ali só tinha conhecimento das clássicas dos pescadores de Riacho Doce!

Imagine que o bendito Benedito rodava numa escaldante tarde de domingo pelas ruas de Maceió, quando um senhor, em plena orla marítima vestindo calça social, camisa de mangas compridas e segurando uma mala antiga, esticou  o braço  pedindo que parasse. Seu primeiro pensamento, segundo ele, fora: “é doido”! Contudo, como bom profissional e um homem temente a Deus, não se permitiria ignorar, afinal, rodando dia e noite, já estava acostumado com coisas bem estranhas! Muito angustiado, o passageiro, ainda sem fôlego, pediu para que Benedito parasse no primeiro caixa eletrônico que encontrasse no caminho até o aeroporto, ele ia viajar!

- “O senhor vai viajar?” – E começa o diálogo entre os dois!

-“Vou sim, senhor. Preciso estar amanhã cedinho em Minas Gerais e só existe um único horário de vôo, que sai no fim da tarde... se perco, não vou me perdoar tão cedo” – Respondeu o passageiro tentando relaxar no ar-condicionado do carro.

- “Me desculpe perguntar, mas morreu alguém da família do senhor?” – Perguntou o curioso Benedito, já criando certa intimidade.

-“Vira essa boca pra lá, sô” – disse o mineiro afobado. – “Né nada disso não! É que sou prefeito de uma cidadezinha do interior, estou de férias aqui, mas recebi uma ligação urgente hoje, dando conta de que se não tiver amanhã cedo no meu gabinete pra assinar o documento de licitação, as crianças da minha cidade vão ficar sem três praças para o lazer delas! Meu município é muito pobre, quase não tem recursos e na minha campanha eu prometi que melhoraria a saúde, educação e o lazer da população... essas são as minhas prioridades!”.

Seu Benedito não precisou perguntar mais nada, comovido com o comprometimento do prefeito, pisou no acelerador em direção ao banco mais próximo para que seu cliente retirasse o dinheiro das passagens! Afinal de contas, político honesto fazia tempo que não entrava em seu carro e, digamos, seu “santo” bateu com o do político.

Pararam no 24 horas. Ele desceu com a carteira na mão. A bagagem ficara aberta no banco do passageiro, muitos papéis. Teve vontade de comprovar a conversa do mineiro, procurar evidências daquela conversa toda, mas resistiu bravamente! O prefeito, 25 minutos depois, voltou ao carro pálido, nervoso, falava ao telefone com a esposa que ficara na Pousada aflita por notícias: “Mulher... tava muito nervoso, errei a senha três vezes, bloqueei o cartão, não tenho mais como viajar, não teremos praças”!

Seu Benedito, que naquele dia estava especialmente relaxado, interferiu no diálogo do casal respondendo em voz alta: "NÃO! Isso não pode acontecer, prefeito... e os meninos?"!

Continua...

10 comentários:

Jr Vilanova disse...

Queridos!

O post de hoje tem um formato meio conto, meio crônica e retrata uma situação REAL vivida por mim no início do mês! Sim, a história é verídica mesmo e achei interessante registrá-la no blog... amanhã tem a parte 2!

Beijos.
Jr.

Wanderley Elian Lima disse...

Olá moço
Me deixou bastante curioso para saber o final da estória, amanhã não perco.
Bjs

chica disse...

Que legal e que taxista falador esse,heim? amanhã tem mais!abração,chica

Angélica disse...

Eu bem que falei que essa história iria para blog, parabéns Jú por divulgar, pois as vezes a gente pensa qur não existe ninguém em quem confiar. Beijos

CRISTIANE disse...

Nossa, que bonitinho... é baseado uma história verídica, é?rs... como você escreve bem! Também estou ansiosa! Até amanhã, tá?
Beijo da Cris.

Renan disse...

Sim, estou aguardando o final da historia!....

Rafaela Andrade disse...

Nossa!!! Que bacana a história. Taxista bom é aquele que sabe como deixar o passageiro relax, né? Estou esperando a conclusão da história. Beijos!

Valéria lima disse...

Quero a continuação logo...rs não confio muito em políticos e acho que essa vai aplicar um tremendo golpe no taxista. Espero estar errada!

BeijooO'

Uelton Gomes disse...

Legal a história, estou indo para a parte 2

Abraços

Dalva Nascimento disse...

Boa tarde, Junior!

Vou ler a parte II agora!

Bjs.

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