Finalmente tá na mão. Quase um ano depois, Daniela Mercury presenteia seus admiradores com o CD/ DVD “Canibália – Ritmos do Brasil”, gravado em 31 de dezembro de 2010 na praia de Copacabana-RJ. Foram quase duas horas de espetáculo para quase dois milhões de expectadores. Um verdadeiro "arerê" que só uma boa baiana formada pela escola dos trios elétricos sabe fazer!
Lembro bem quando no último carnaval, após um ataque de indignação provocado pela redução de seu tempo de desfile, a rainha do axé resolveu desabafar. Disse poucas e boas aos fiscais do circuito Barra-Ondina e extrapolou, embora sem perder a coerência. Pouco depois, já mais calma, justificou-se com o público: “Desculpem o sangue quente, mas foi graças a ele que cheguei até aqui”! Pois bem, se é assim, podemos dizer que no último Reveillon o sangue da baiana não só esquentou, ferveu! Acompanhada por um balé impecável, uma banda bem ensaiada e do deslumbrante figurino de renda da alagoana Martha Medeiros, desafiou o próprio fôlego e um mar de gente dando um banho de vitalidade.
No vídeo, sob uma linda luz azul e a cenografia de Gringo Cardia, uma Daniela solar, performática e em plena forma física. Chega a ser um desaforo vê-la pinotar daquele jeito. De pés no chão, dilui sua energia de bailarina entre 22 canções que passeiam pelo seu repertório e algumas poucas novidades, a exemplo da versão de "Iluminado", do mineiro Vander Lee e o hino amazonense "Paixão de Coração". Para dar o tom da festa, misturou o som da Banda percussiva Didá, de Salvador, os meninos do AfroReggue, o suingue da Escola de Samba Unidos da Tijuca, além da turma vermelho e branco do Boi Garantido de Parintins. Mas não foi só isso, houve também a mais ilustre das participações: a notável Carmem Miranda, num duo imaginário e eletrizante em “O que é que a baiana tem”, de Dorival Caymmi. Aproveitando a coincidência, Daniela Mercury acaba de ser eleita por um canal de TV da CBS como "a Carmem Miranda dos novos tempos", uma disputa que envolveu nomes como Sônia Braga e Gisele Bundchen.
Poderia, mas não apostou em medalhões, não buscou nomes conceituados para aumentar a credibilidade e as vendas do seu novo trabalho, algo comum hoje em dia. Com criatividade e coragem, transformou suas idéias em arte evidenciando ainda os percussionistas Ramiro Mussoto e Neguinho do Samba, falecidos recentemente.
Com apoio da Globo Rio e Canal Brasil, o registro fora lançado pela gravadora Som Livre no início de dezembro. "Canibália- Ritmos do Brasil" está longe do padrão das atuais super produções musicais, mas isso não diminue seus méritos. Existem sim algumas falhas de edição e por mais bem intencionada que esteja DM ao doar-se por inteiro no palco, o excesso de técnica compromete um pouco a leveza que certos momentos sugerem. O público do show também não consegue acompanhar o ritmo da baiana e sua trupe, fato talvez justificado pelo desgaste que uma gravação de DVD proporciona. Só quem já participou de uma é que sabe, mas ainda assim ninguém arreda o pé até o último tchau, ao som do super hit: "O canto da cidade".
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Lembro bem quando no último carnaval, após um ataque de indignação provocado pela redução de seu tempo de desfile, a rainha do axé resolveu desabafar. Disse poucas e boas aos fiscais do circuito Barra-Ondina e extrapolou, embora sem perder a coerência. Pouco depois, já mais calma, justificou-se com o público: “Desculpem o sangue quente, mas foi graças a ele que cheguei até aqui”! Pois bem, se é assim, podemos dizer que no último Reveillon o sangue da baiana não só esquentou, ferveu! Acompanhada por um balé impecável, uma banda bem ensaiada e do deslumbrante figurino de renda da alagoana Martha Medeiros, desafiou o próprio fôlego e um mar de gente dando um banho de vitalidade.
No vídeo, sob uma linda luz azul e a cenografia de Gringo Cardia, uma Daniela solar, performática e em plena forma física. Chega a ser um desaforo vê-la pinotar daquele jeito. De pés no chão, dilui sua energia de bailarina entre 22 canções que passeiam pelo seu repertório e algumas poucas novidades, a exemplo da versão de "Iluminado", do mineiro Vander Lee e o hino amazonense "Paixão de Coração". Para dar o tom da festa, misturou o som da Banda percussiva Didá, de Salvador, os meninos do AfroReggue, o suingue da Escola de Samba Unidos da Tijuca, além da turma vermelho e branco do Boi Garantido de Parintins. Mas não foi só isso, houve também a mais ilustre das participações: a notável Carmem Miranda, num duo imaginário e eletrizante em “O que é que a baiana tem”, de Dorival Caymmi. Aproveitando a coincidência, Daniela Mercury acaba de ser eleita por um canal de TV da CBS como "a Carmem Miranda dos novos tempos", uma disputa que envolveu nomes como Sônia Braga e Gisele Bundchen.
Poderia, mas não apostou em medalhões, não buscou nomes conceituados para aumentar a credibilidade e as vendas do seu novo trabalho, algo comum hoje em dia. Com criatividade e coragem, transformou suas idéias em arte evidenciando ainda os percussionistas Ramiro Mussoto e Neguinho do Samba, falecidos recentemente.
Com apoio da Globo Rio e Canal Brasil, o registro fora lançado pela gravadora Som Livre no início de dezembro. "Canibália- Ritmos do Brasil" está longe do padrão das atuais super produções musicais, mas isso não diminue seus méritos. Existem sim algumas falhas de edição e por mais bem intencionada que esteja DM ao doar-se por inteiro no palco, o excesso de técnica compromete um pouco a leveza que certos momentos sugerem. O público do show também não consegue acompanhar o ritmo da baiana e sua trupe, fato talvez justificado pelo desgaste que uma gravação de DVD proporciona. Só quem já participou de uma é que sabe, mas ainda assim ninguém arreda o pé até o último tchau, ao som do super hit: "O canto da cidade".
Antes mesmo do lançamento do DVD no Brasil, visto que o trabalho fora lançado primeiro em outros países, Daniela já havia colhido ótimos frutos lá fora, a exemplo da publicação do crítico Jon Parales no “The New York Times”, que reconhece e enalteceu seu talento e brasilidade sem ressalvas. Reafirma seu potencial estético e certamente contribui para o êxito de seus shows mundo afora.
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Com tantos anos de estrada e uma alma inquieta, Daniela Mercury escreve mais um capítulo de sua história musical enquanto nos oferece duas horas repletas de motivos para estarmos e sermos um pouco mais felizes. São batuques e sambas misturando-se a uma ginga bonita de se ver! Taí um excelente presente para quem tem orgulho de ser brasileiro... deixe essa onda de brasilidade lhe alcançar!
Jr Vilanova.
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